sábado, 9 de maio de 2009

Mais uma vez, é dia...

Amanhã é dia das mães.

Nunca entendi direito esse negócio de dia das mães. Quando eu era pequena, e essa data se aproximava, eu sempre ouvia as pessoas dizendo, "ah, mas dia das mães é todo dia"! Mesmo minha mãe parecia partilhar desta opinião. O problema é que, se eu não aparecesse com um cartãozinho que fosse, ela só faltava chorar. Não duvido que chorasse, mas não na minha frente.

Então, cresci. Com essa consciência meio paradoxal, de que diariamente eu deveria celebrar minha mãe, mas que um presentinho no segundo domingo de maio era essencial. Não importava se, durante todos os dias do ano, eu levasse uma flor pra casa ou escrevesse bem grande, numa folha de papel sulfite e com hidrocor colorida, que a amava. Dia das mães é sagrado, e, se eu fazia bastante no decorrer do ano, nesse dia em especial eu devia ir além da perfeição.

Há quase seis anos, sou órfã. Portanto, é o sexto dia das mães que chega, e eu nem fiz nada durante o ano para homenagear minha mãe. Também não preciso comprar um presentinho, teoricamente. Mas apenas em teoria.

Porque, no decorrer desses seis anos, ganhei várias mães. E é a elas que eu gostaria de prestar homenagem nesse dia, tão desnecessário, mas suficientemente simbólico.

Agradeço a minha tia Ilca, por ter me acolhido de imediato no momento mais difícil da minha vida. A "tia" Leila, que tomou em suas mãos a missão de me amparar emocional e psicologicamente na hora exata em que eu senti meu mundo desmoronar - ainda que tenha sido "minha mãe" por apenas uma tarde, nunca vou me esquecer. A Analucia, minha madrasta, por ter superado a má impressão que causei quando não passava de uma pestinha mimada, e ter estado ao meu lado quando o destino nos forçou a conviver - a ponto de termos chorado quando bati minhas asas recém abertas e fui voar pelo mundo.

A Ana Susana, por ter se disposto a compartilhar o teto comigo, mesmo quando eu não tinha muitas condições de contribuir, e por ter me ajudado tanto com questões de emprego, estudos, brigas conjugais - porque sogra também é mãe, às vezes mais que duas vezes. A Dona Wanda, que me dá remédio quando estou doente, me empresta a bengala quando torço o pé e nunca me deixa me sentir muito sozinha. 

A "tia" Arlete, que, com toda sua autoridade maternal - que agora se estende a mim, superando até a autoridade sogrística -, me proíbe de ir ao trabalho ou voltar pra casa quando chove muito forte, e insiste que eu coma mais um pouquinho porque "vocês estão muito magrinhas". A "tia" Eliana, que me abraça quando choro de saudades da minha mãe, me puxa as orelhas com jeitinho quando sabe que briguei com Taz ou que estou dando pouca bola pra faculdade e me incentiva a cada passo desajeitado que dou rumo a essa coisa inquietante que é escrever.

A Deusa, que, quando choro no escuro para que ninguém me veja, está ao meu lado, me faz cafuné e me ajuda a pegar no sono, me contando histórias de dias melhores que virão.

Enfim, a todas as mulheres da minha vida, porque toda mulher é um pouco mãe de seus amigos. Dia das mães também é dia das mulheres. Portanto, feliz dia das mães para todas nós!

(E eu espero que amanhã meus gatos, mais que gatos, meus filhos, me recebam em casa com um ronronar bem carinhoso.)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Jogo dos sete erros

Uma mancha incolor na camisa branca,
Uma mancha amarelada no sorriso limpo,
O inseto, mínimo, passeando na calçada recém-lavada,
O fio de cabelo branco solitário na massa negra,
O livro de capa amassada mas com cheiro de novo,
A marca da lágrima na maquiagem irretocável,
O traço triste na canção da alegria.
Por que sempre reparo no que está fora do lugar?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O que você quer ser quando crescer?

Aproveitei que não tinha alunos agendados para hoje e resolvi passar a limpo algumas coisas do meu caderno de rascunhos do semestre passado. Uma de minhas colegas de trabalho estranhou, visto que as aulas só voltam daqui a duas semanas, e me perguntou o que tanto estudava. Espantada, me perguntou porque eu era tão aplicada. Sem pestanejar, respondi: quero ser professora. Se pretendo transmitir conhecimento, preciso estar segura desse conhecimento.

E aí me caiu a ficha.

Comecei a dar aulas há pouco menos de dois anos e meio, por precisar trabalhar e constatar que a única coisa que eu sabia fazer bem era falar inglês. E, até então, essa era uma carreira que nunca me passou pela cabeça seguir.

Sempre que me perguntavam o que eu queria ser quando crescer, na época em que ainda me perguntavam dessa forma, eu dizia que queria ser jornalista. Ou escritora. Quando me perguntavam se gostaria de ser professora, fazia uma careta de desprezo. Hoje não me imagino longe do quadro, fora dessa rotina de preparar aulas e aplicá-las e acompanhar o desenvolvimento dos alunos.

Bem, ainda quero ser escritora. Mas acho graça notar que uma profissão que me desagradava tanto seguir, no passado, hoje se mostra como minha primeira opção. Da mesma forma, não consigo me imaginar trabalhando como jornalista, coisa que, desde a 5a série, era algo que eu almejava alcançar.

As pessoas mudam, amadurecem. Frequentemente abrem mão de seus sonhos de infância para viver uma vida mais rentável. Mas sempre se perguntam, e se tivesse sido de outra forma?

Percebi que sequer essa dúvida eu tenho. Num futuro um pouco mais distante, talvez ela surja. Mas não hoje, quando trabalho com o que amo, por mais mal remunerada que seja, por mais estressada que eu fique ao fim do dia.

O gosto pelas palavras me trouxe para Letras. O gosto por ensinar - descoberto a relativo pouco tempo - me trouxe onde estou hoje. Aonde mais essas duas coisas me levarão?

E você? O que queria ser quando crescesse?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Monstro

Detesto caminhar pelas ruas de meu bairro sozinha depois que anoitece. Sempre fica algo no ar, algo que não sei bem descrever, mas que me causa uma impressão horrível.

Chamem de paranóia, mas sempre me sinto observada.

Esta noite não foi diferente. Minha escolta usual me abandonou à própria sorte, e lá fomos nós andando do trabalho para casa, apenas eu e meu anjo da guarda. Não fazia sentido pegar um ônibus, porque é só um ponto de distância. Demoraria mais do que os cinco minutos usuais.

Quando entrei na minha rua, a sensação começou.

É um formigar na nuca que sempre me aflige quando estou em uma situação de perigo iminente. E, ao dobrar na esquina, foi como se mil agulhas entrassem no meu corpo.

A rua estava escura, tão escura que mal enxergava os contornos das casas. Não sei dizer se realmente estava assim ou se era só minha imaginação.

Apertei o passo. E ouvi, distintamente, sons de passos atrás de mim, correndo sobre as folhas secas. Fui para o meio da rua, com medo das sombras da calçada. Um carro passou e me fez mudar de idéia. Voltei para a calçada.

Então um farfalhar me sobressaltou. Uma força maior que a minha me fazia entreabrir as pernas, senti algo atravessando. Corri.

Corri como se minha vida dependesse disso. Corri, e deixei naquela calçada escura meu nêmesis e o que sobrou de minha dignidade. Àquela altura, a possibilidade de ser atropelada não me incomodava mais. Morrer por um fusca seria mais honrado.

Afinal, nada pode ser mais vergonhoso que morrer devorada por um camundongo de rua.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Abusando do Politicamente Incorreto (ou Porque não vou pro céu)

Bial: Bem vindos, senhoras e senhores, à primeira edição do programa Big Brother Deficientes Mentais! Nossos participantes acabaram de entrar na casa, então, já é hora de dar uma espiadinha!

A câmera fecha em um rapaz de camisa verde que está esmurrando frenéticamente a porta.

Rapaz: Me tirem daqui! Eu quero sair! Eu quero minha mãe! AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!

A câmera focaliza em uma mocinha de azul, sentada no canto, balançando-se em um ritmo lento, olhando para o nada e sem dizer palavra.

Novamente a câmera muda, e vemos um rapaz de laranja, parecendo bem feliz, correndo de um lado para o outro do gramado. De repente ele para.

Rapaz: Gente, acho que fiz cocô na calça! Quem vai me limpar?

(...)

***

Algum tempo depois, chega o momento do líder indicar alguém para o paredão

Bial: E agora, José? Quem será seu indicado para este primeiríssimo paredão da casa?
José: O Flávio, Bial.
Bial: Flávio? Mas não tem nenhum participante chamado Flávio!
José: Como não? Olha ele aqui! Do meu lado! Eu disse pra ele que só pode entrar um de cada vez no confessionário, mas ele insistiu em vir, porque não acreditou que eu fosse indicar ele. ... O quê? Que é, Flávio? Cala a boca, é minha vez de falar! (...)

***

E é chegada a hora de revelar o eliminado da semana...

Bial: E, com 100% dos votos, Marieta é eliminada, já que não tinha oponentes.

Câmera foca em uma mulher com aparência extremamente normal.

Bial: Marieta? Você não tem nada a dizer?
Marieta: ... ...AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHH!

Marieta levanta do sofá e sai correndo e gritando pela casa, destruindo tudo pelo caminho. Com o susto, um outro rapaz, até então igualmente quieto, pega uma faca afiada e finca na parede, a poucos centímetros da orelha esquerda de José.

Bial: Pô, produção! Quem foi que deixou uma faca afiada entrar na casa?

José faz cara de choro.

Bial: José, você está bem?
José: FLÁVIO! VOCÊ MATOU ELE, SEU ASSASSINO!
Bial: Hein?
José: FLÁVIO, FALA COMIGO, FLÁVIO! RESPONDE! Poxa, eu sei que disse que queria eliminar ele, mas não era assim... Náo era pra ser assim... Buááááááá Flávio, me perdoa!
Psicopata: Poxa... foi mal, cara...
José: Seu assassino! ASSASSINO! VOCÊ MATOU O FLÁVIO!

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Dessintonizada

Pois é, pois é. Depois de um longo recesso, é hora de voltar à vida adulta. Infelizmente.

Por mais que eu quisesse imitar a tia Eliana e escrever um texto metendo o pau no natal, não consegui encaixar na minha agitadíssima agenda de férias. Agitadíssima, claro, porque, com apenas 2 semanas de folga, é quase impossível arranjar tempo pra fazer tanta coisa quanto se gostaria.

Assim como também vou ficar devendo textos sobre reveillon e dias imediatamente anteriores, mesmo tendo coisas absurdas a contar. Até certas pessoas de saia eu vi. Mas, como não tirei fotos, ninguém vai acreditar.

Enfim. E hoje, um dia após o reinício da minha querida rotina - lembrem-se, virginianos amam rotina -, constatei que ainda não voltei muito bem ao normal. Meu ritmo e o ritmo do resto do mundo parecem não ter chegado a um acordo pacífico, e insistem em se digladiar o tempo todo. E, por fim, quando decidem ceder, o fazem ao mesmo tempo. Parece até coisa de desenho animado.

Porque, até a hora em que eu saí da Lapa para vir para o trabalho, era eu quem estava correndo demais. No melhor estilo "coelho de Alice", minha manhã inteira consistiu em correr para fazer as coisas e ter que ficar muito tempo esperando para poder terminar. Saí de casa 6h40; o ônibus só deu o ar da graça 7h20. Cheguei no médico - onde tinha consulta marcada para as 8h - 7h40; fui ser atendida 8h20. 

Isso tudo pra não falar na meia hora na porta do shopping Lapa esperando este abrir pra poder tomar café da manhã. Ou mais uns 15 minutos esperando a mocinha da banca de jornal voltar com meu troco. Ou chegar no trabalho da patroa 9h45 e ter que esperar por ela por cerca de 1h. Tudo bem, admito, essa espera eu estava psicologicamente preparada para suportar.

E o ônibus. Sempre os ônibus. Para concluir a parte "mim coelho-no-cio-depois-de-speed, você lesma-paralítica-em-câmera-lenta", cheguei na Lapa 12h30, certa de que daria tempo de chegar em casa, tomar banho com calma e vir para o trabalho fresca e saltitante. Era minha tentativa de fazer as pazes com o Tempo.

Que, claro, foi por água abaixo quando o velhinho sacana resolveu fazer com que meu ônibus levasse meia hora para aparecer. E se vingou correndo quando eu mais precisava que ele se arrastasse.

Cheguei em casa e ainda consegui a proeza de em 15 minutos tomar banho, me trocar, contar toda a epopéia temporal pro roommate, falar no telefone com a patroa, fazer cafuné nos gatos, arrumar a mochila e chegar ao trabalho a tempo. Eu em velocidade 0.5x, o tempo a 200km/h. Ainda assim, eu ganhei.

Chupa, Cronos!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

E a roda do ano continua a girar...

LadyMoon diz (23:48):
 Dee, fará alguma coisa pra comemorar o solstício de inverno?
Arielle diz (23:49):
 solstício de verão, you mean
 hemisfério sul, a roda gira ao contrário
LadyMoon diz (23:49):
 Sim sim... hehehehehe... fico lendo tanto inverno inverno inverno q ficou...
 hauhauahauhauahau
Arielle diz (23:49):
 uaheuhae
 não sei, não pensei em nada ainda
LadyMoon diz (23:49):
 Okey, dia q foi estabelecido q menino Jesus e mais uma porrada de divindades solares nasceram...
Arielle diz (23:50):
 ah sim
 também conhecido como, er, natal
LadyMoon diz (23:50):
 Olha soh q feio! Deixando de lado as próprias crenças!
 Eh... isso...
Arielle diz (23:50):
 não é deixando de lado, eu simplesmente optei por comemorar poucos sabbaths
LadyMoon  diz (23:50):
 natalis solis invictum... n sei de mais nada, soh isso...
Arielle diz (23:50):
 eu basicamente só comemoro beltane e samhain
LadyMoon diz (23:51):
 Ah tah... tadinho de menino Jesus....
 hauhauahuahauahauahau
 Foi deixado de lado por vc...
Arielle diz (23:51):
 bah, ele me deixou de lado também
 ele olhou pra minha cara quando eu nasci
 e disse
 "iiiihhh... essa daí eu deixo por conta de lilith!"
 e foi embora.