segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Aniversário

Eu vi o pior dia da minha vida quase se repetir, e só fui reparar muito depois.

Foi um domingo, dia das crianças, muito bem aproveitado na frente do computador. A idéia era estudar, mas uma pessoa especial me convenceu a abandonar essa idéia besta. E ficamos conversando, por horas a fio, enquanto a pessoa que, para mim, era a representação mais fiel do que viria a ser família - um conceito que, trocadilhos à parte, nunca me foi dos mais familiares -, murchava ao meu lado, por puro medo de me perder para sempre.

À noite, foi difícil dormir. Sons de tosse e de nítida dificuldade para respirar - ah, malditos pulmões frágeis! - tornavam o sono de minha "família", resumida a uma pessoa, extremamente inquieto. E, claro, não me deixavam descansar. Até que se fez o silêncio, e enfim pude dormir.

Felizmente, dessa vez a calmaria não foi o prenúncio de uma tragédia irreversível. Desta vez, foi só uma crise de asma. Desta vez, não perdi ninguém. Mas foi impossível não associar com outra madrugada do dia 12 pro dia 13, de domingo pra segunda, de um outro longínquo outubro que, graças aos deuses, não volta nunca mais.

Cinco anos passam num piscar de olhos. Mas as saudades, as cicatrizes, as feridas abertas... Ah, essas ficam. Eternamente. Afinal, esteja presente ou não, mãe sempre vai ser mãe. E a minha ainda está comigo, mesmo que só em pensamento, mesmo que só no coração.

4 comentários:

Aline Barbosa disse...

Lindo texto...

De Beachbarengril disse...

Dor... é uma coisa que a gente não controla e eu insisto em dizer que para estas dores que nos acompanham não há exatamente um remédio, mas um conjunto de horas que acabam por nos mostrar a mesma coisa de outras maneiras (melhores ou piores).

Você consegue transmitir sua agonia, ao mesmo tempo a sua alegria, e isso me fez sentir um pouco o que você têm sentido.

Não é apenas um elogio ao seu texto, mas à você, pessoa linda.

Camila Melo disse...

Nossa!!

O texto tá muitoo lindo!

como disse Tássia..a gente conseguee sentir um pouco como vc realmente tva se sentindo!!=[

beejoo!

Eliana Mara disse...

Aline,

aproveita o que tem em mim de maternal e pode abusar.
Todas as mães, ainda que morem em países diferente, ainda que habitem dimensões diferentes, estão unidas pelo amor aos filhos.
Você não está sozinha.
Fique por perto.

Beijinhos, abracinhos e carinhos (todos felizes!)