sábado, 11 de outubro de 2008

Idéias Íntimas (fragmento)

Ossian o bardo é triste como a sombra
Que seus cantos povoa. O Lamartine
É monótono e belo como a noite,
Como a lua no mar e o som das ondas
Mas pranteia uma eterna monodia,
Tem na lira do gênio uma só corda,
Fibra de amor e Deus que um sopro agita:
Se desmaia de amor a Deus se volta,
Se pranteia por Deus de amor suspira.
Basta de Shakespeare. Vem tu agora,
Fantástico alemão, poeta ardente
Que ilumina o clarão das gotas pálidas
Do nobre Johannisberg! Nos teus romances
Meu coração deleita-se... Contudo
Parece-me que vou perdendo o gosto,
Vou ficando blasé, passeio os dias
Pelo meu corredor, sem companheiro,
Sem ler, nem poetar. Vivo fumando.
Minha casa não tem menores névoas
Que as deste céu d'inverno... Solitário
Passo as noites aqui e os dias longos;
Dei-me agora ao charuto em corpo e alma;
Debalde ali de um canto um beijo implora,
Como a beleza que o Sultão despreza,
Meu cachimbo alemão abandonado!
Não passeio a cavalo e não namoro;
Odeio o lansquenê... Palavra d'honra:
Se assim me continuam por dois meses
Os diabos azuis nos frouxos membros,
Dou na Praia Vermelha ou no Parnaso.

(AZEVEDO, Álvares de IN: Poemas Malditos)

Ei, eu avisei que gostava de poesia "frufru".

2 comentários:

Aline Barbosa disse...

É, avisou...
Esse daí é frufrusão, hein?
huahauahau xD

Mas Álvares de Azevedo é um poeta frufru q eu gosto de algumas coisas até... Me traz umas boas lembranças de uma época...
=)

Rômulo disse...

ui ui, como falaria Eliana...
cheio de viadagem.
pois é, você avisou que gostava né fazer o que...

sim Dee vi que você também acompanha o HBD, o/
aqui um outro legal que eu vejo sempre:

http://www.blogdohammer.blogspot.com/

well, não sei se tu vai gostar, mas como tu é nerd também provavelmente sim (isso vale pra você também aline hehehe)