sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Freak show

Sabe o tipo de pessoa que tem o dom de atrair figurinhas estranhas? Esse é meu amigo Tyler. Pouco mais alto que eu, meio gordinho, de ascendência oriental, extremamente prestativo - a ponto de acordar horas mais cedo que o habitual para, digamos, levar uma amiga para tirar o gesso do pé ou levar o trabalho de LetA09 da mesma amiga na faculdade para ela - e... completamente maluco. No bom sentido, claro - afinal, quem é que quer ser normal em um mundo tão confuso?

O caso é que Tyler é um ímã de pessoas socialmente deslocadas. Palhaços-flanelinhas cismam com a cara dele. Mendigos do Pelourinho apelidam-no de Jet Li e seguem-no por horas. Limpadores de vidro de carro o adotam como tio. Enfim, talvez seja a aura de surrealismo que o cerca, talvez a referida aura seja de acolhimento - não importa: os rejeitados, os marginalizados e os transviados o amam.

No entanto, como já disse antes, ele não é muito normal. Houve casos em que ele saiu correndo do carro no meio do engarrafamento e deixou o celular, porque queria comprar chicletes no posto de gasolina uns cinqüenta metros à frente e, depois, para nos encontrar, tomou emprestado o celular de uma prostituta e ligou para si mesmo. Ou passou gritando na frente de uma boate lotada - para onde iríamos, mas desistimos por estarmos todos meio adoentados -, acusando todos os freqüentadores de serem "tudo v*ado e p*ta!". Ou botou seu traseiro avantajado na janela na frente do Caranguejo de Sergipe e anunciou a venda a R$1,00. Essas coisas totalmente comuns e aceitáveis (ou não) na nossa sociedade atual.

Há poucas horas, estávamos em uma lanchonete. Éramos cinco. Chovia, e juntávamos toda a coragem que tínhamos para correr até o carro. Enquanto nos preparávamos, notamos que o grupo ganhara um novo integrante: um mendigo, verticalmente debilitado e extremamente comunicativo. Que, como era de se esperar, tomou-se de amores por Tyler.

Nosso novo amigo nos acompanhou até o carro e, cavalheiro que era, fez questão de abrir a porta para mim e para a outra Diana do grupo. Admito que achei meio fofo - estou acostumada com pedintes que... pedem. Não com aqueles que tentam "mostrar serviço" para merecer uma gorjeta. Só que, dessa vez, eu realmente não tinha a dime to spare. Então ele voltou-se para nosso chinês de estimação, que, no auge de sua inspiração, responde:

- Não, Frodo, seu anel não está comigo.

Sei que é extremamente cruel, mas não houve senso ético que nos impedisse de rir às lágrimas. Inclusive nosso amiguinho portátil, que aparentemente conhecia a saga do hobbit. Surgiram moedas em honra ao senso de humor do pequenino e fomos embora.

Não é por nada não, mas acho que, se existir um inferno, e se depender dos meus amigos... É para lá mesmo que eu vou.

4 comentários:

Aline Barbosa disse...

huahauahauahauah

Que maaaaldade! huahaua


Esse Tyler deve ser um caso à parte mesmo... Me deu até vontade conhecer... xD

Rômulo disse...

ehuaheuauhuaehuahe.
e eu achando que o alvo preferido dessas pessoas.

bom pelo menos o frodo recebeu algumas moedinhas não?
e como aline ate vontade de conhecer deu.

Rômulo disse...

"e eu achando que o alvo preferido dessas pessoas era eu"

De Beachbarengril disse...

tbm quero conhecer o Tyler!